sábado, 10 de dezembro de 2016
O castigo dos ímpios e a eternidade
Pois é irmão Elias, lhe mostrei que o fogo que atingiu tais lugares era o mesmo fogo que não se apaga. Acaso o irmão pelo menos leu os verso que lhe expus? O irmão tem que entender que a Bíblia não foi escrita em português, e as palavras utilizadas para traduzir o texto não devem servir de doutrinas. Têm-se que atentar ao significado original das palavra utilizadas. Também não podemos usar nossa compreensão ocidental a fim de interpretar a Bíblia, temos que usar o pensamento do próprio povo que a escreveu, o hebreu. O irmão está basicamente alegando de que não pode abdicar do seu entendimento acerca da palavras traduzidas em português, em prol do significado original, da origem das afirmações e do contexto.
"Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do FOGO ETERNO." Judas 1:7
"Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela." Isaías 34:10
"E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne." Isaías 66:24
Está aí o bicho que nunca morre, irmão! Acaso encontramos estes bichos imortais nos dias de hoje? Por isto a Nova Versão Internacional é melhor para entender estes assunto.
Devemos nos prender à Bíblia e não à tradução, irmão. O bicho nunca morre porque não é possível matá-lo, nem há de morrer até completar o seu serviço. Este é o sentido da expressão original traduzida por "seu bicho nunca morre". Assim também o fogo é eterno, porque não é possível apagá-lo, nem há de se apagar até completar o seu serviço. Nem por si mesmo se apaga, enquanto não completar o serviço. Queimará eternamente, enquanto houver o que ser queimado. Como no Vale de Hinom, onde o fogo permanecia constantemente enquanto lixo e cadáveres eram jogados, igualmente os vermes, que nunca cessavam de decompor os corpos, "não morriam" e continuavam seu trabalho.
E este vale permaneceu através dos anos, eternamente. Entendeu o sentido de eterno aplicado a este assunto, irmão? Porém, tal vale, assim como Sodoma e Gomorra e assim como os Ribeiros de Edom, em dado momento deixaram de existir.
Isto significa irmão que nosso conceito de "eternidade" não serve para traduzir o conceito de "eterno" entendido pelos Israelitas, que em muitos casos significa algo, não eterno em sua essência, mas sim, em determinada condição, de não ser extinguível. Ou seja, os bichos referidos por Jesus, enquanto realizavam seu trabalho, não poderiam se extinguir. Assim também o fogo era inextinguível, denotando que enquanto não realizasse seu trabalho, jamais se apagaria.
Assim, são eternos enquanto existe um trabalho para ser executado. E sua existência continua até que não haja mais nada a ser consumido e o resultado é apenas a fumaça, como é descrito nos próprios versos.
Temos então, aqui, uma dificuldade em entender a compreensão hebraica, onde aplicavam um conceito de eternidade a coisas que não eram, de fato, eternas em sua essência.
O conceito mais próximo que temos é o da perpetualidade. Uma prisão perpétua, por exemplo, não tem fim, mas acaba quando o indivíduo condenado morre!
Dívida perpétua, igualmente é uma dívida que nunca se extingue, mas de fato termina quando o devedor morre!
Semelhante conceito é o que os hebreus atribuíam à palavra que é traduzida em nossas bíblias por "eterno". Portanto, trata-se de um "eterno" na concepção oriental e não na nossa concepção ocidental sobre eterno. E o problema principal é que a mesma palavra hebraica é utilizada para definir, também, coisas realmente eternas como o próprio Deus.
Por exemplo, em um contexto onde o ser humano nunca morre, uma prisão perpétua significaria uma prisão eterna mesmo, porque a pessoa nunca morreria, logo o castigo nunca se extinguiria. Mas, em se tratando de uma pessoa, de fato, mortal, o castigo se extingue quando não há mais tal pessoa a ser castigada.
A mesma coisa ocorre com a questão de Sodoma e Gomorra. O fogo inextinguível, acabou quando as pessoas, extinguíveis, foram consumidas. Também o bicho dos cadáveres se acabaram, quando o cadáver se extinguiu, por terem sido consumidos.
De modo que o que indica se a palavra eterna significa eterna mesmo, ou tão somente algo perpétuo, é a pessoa ou objeto à que a palavra de refere!
Assim, antes de nos firmarmos na palavra "eterno" nos firmamos nos exemplos dados deste castigo. Assim, se nos equivocamos no entendimento da explicação, não há porém como nos equivocarmos no exemplo, por isto existe o exemplo, para mostrar como serão as coisas na realidade.
Uma imagem, irmão, e uma exemplificação, é muito mais fácil de entender do que mil palavras.
Agora veja o erro de basearmos nossa doutrina em uma única palavra, traduzida por "eterno" e ainda por cima dando um entendimento ocidental, e ainda por cima, dando o significado atribuído à palavra "eterno" no nosso dicionário brasileiro! E somado a isto, puxarmos para a crença tradicional na imortalidade da alma! Ignorando todos os exemplos bíblicos de onde foram copiadas as expressões! Com certeza, irmão, o resultado não pode ser outro, senão um entendimento equivocado acerca do assunto.
Agora o irmão irá entender:
Assim, irmão, podemos jogar, hoje, um fogo eterno, ou um verme que nunca morre sobre um condenado, porém, ao invés de tornar o condenado também eterno, vai é consumi-lo até não restar coisa alguma.
Em nenhuma parte é dito que o cadáver, ou o condenado, ou o ímpio NUNCA MORRE! Isto fica subentendido na mente dos que leem o trecho tendo como pressuposto a imortalidade da alma. A alma, irmã, ali no lago de fogo, é mortal, são pessoas vivas, ressuscitadas com seus corpos e que serão castigadas até a total destruição da pessoa, como foi com os habitantes de Sodoma e Gomorra e como era com os corpos de condenados no Vale de Hinom.
A visão daqueles corpos jogados no vale, agora é atribuído a pessoas vivas! Tão vivas como estavam as pessoas de Sodoma e Gomorra, quando receberam o castigo. Esta era a visão aterradora da segunda morte, apresentada por Cristo e firmada nos elementos da cultura hebraica que outros profetas já haviam utilizado como exemplo do castigo dos ímpios.
Assim, irmão, o castigo é acompanhado de destruição gradual/açoites (Lucas 12:47-48), onde a pessoa devidamente munida de seu corpo sofre danos, dor, enquanto passa pelo castigo, segundo os exemplos que a Bíblia demonstra.
Veja então que os exemplos não tem nada a ver com um inferno grego. Por isto não podemos usar a palavra inferno nestes assuntos que se referem a exemplos da cultura hebraica. Senão jogamos toda nossa compreensão para aquilo que assimilamos tradicionalmente acerca de um inferno aos moldes de Dante.
No contexto israelita, quando se falava do castigo dos ímpios, eram coisas muito diferentes que os hebreus usavam como referência, coisas do seu dia-a-dia, a exemplo, Geena ou Vale de Hinom, Sodoma e Gomorra, Ribeiros de Edom.
Quanto à condição dos mortos igualmente não usavam a compreensão grega do estado intermediário dos mortos. Em seu lugar usavam a sepultura, o mundo dos mortos (contrário ao mundo dos vivos), mundo inconsciente, onde não se faz planos, não se tem lembranças, não se tem ódio, nem amor, nem é possível louvar a Deus, onde tudo jaz no esquecimento. E que infelizmente, tiveram todas as expressões e significados originais também substituídos por "inferno".
Um abraço.
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