domingo, 25 de dezembro de 2016

A Bíblia apoia o chamado "Estado Intermediário"?

Olá, irmão Carlos, os judeus acreditavam na morte como um sono no pó da terra (mesmo no período do processo de helenização). A Bíblia ensina isto e não a imortalidade da alma. Se há uma ida para um estado intermediário, a compreensão de um sono no pó da terra se torna totalmente incorreta. Porém, esta compreensão sobre a morte consistir em um sono no pó da terra, persiste nos ensinamentos de Jesus e Paulo. Se vamos ensinar a imortalidade da alma, temos que nos desligar do conceito da morte como um sono. A morte como um sono no pó da terra é o alicerce do ensinamento do estado dos mortos. Sendo fiel a este conceito, interpretaremos versos como Filipenses 1:24 como se referindo à vida de Paulo ao invés de uma alma desencarnada. Assim, o "sair do espírito", noutro verso, significa tão somente o sair do fôlego vida do corpo indivíduo, o que propicia a existência da "alma vivente" Sair o "ruach" significa expirar, morrer, exalar o último fôlego, exalar o fôlego de vida. De modo que aceitando a compreensão de que a morte é um sono no pó da terra, entendemos corretamente o estado dos mortos. Senão, vamos sempre ver alma e espírito como sendo uma entidade consciente que sai fora do corpo como ensina a dualidade grega. Para a Bíblia, porém, o espírito é tão somente um elemento necessário à vida e que quando unido a um corpo traz à existência uma nova alma vivente. Este ensinamento está em harmonia com o ensinamento de Salomão, Daniel, Jesus e Paulo. Este conceito, da morte como um sono no pó da terra, nos impede de entender versos como o de Gênesis 4:10 e Apocalipse 6:11 como sendo uma afirmação de que possa existir vida fora do corpo. Quanto ao encontro de culturas, a Bíblia neo-testamentária foi construída em um período onde a crença na imortalidade grega influenciava outra culturas, não poupando a israelita, no que, usar desta mentalidade não implica em apoio à tal e estou me referindo à parábola do Rico e Lázaro, de forma que devemos saber distinguir algo cultural de algo doutrinário. A falha no "saber distinguir algo cultural de algo doutrinário" é justamente o ponto que tem afetado o protestantismo hoje, que parte do pré-suposto de que a imortalidade da alma é Bíblica, sendo que nunca foi. Segundo a regra de fé dos judeus (o antigo testamento), a imortalidade da alma nunca existiu. Agora, a cultura grega, esta sim, já existia desde muito tempo e percebemos que a parábola do rico e lázaro faz parte desta cultura. Temos então a cultura judaica que ensinava a morte como um sono no pó da terra e a cultura grega que ensinava um estado intermediário. A fonte da imortalidade da alma, portanto, não provém da cultura judaica, firmada na Bíblia. Agora, será que o novo testamento endossou esta ideia de uma dualidade do ser humano ao invés do holismo Bíblico? Percebemos que não, irmão. O pensamento grego foi colocado no seu lugar certo, na forma de parábola, elemento da cultura popular. A possibilidade de consciência durante a morte, por sua vez, também foi colocada no seu lugar certo, em uma força de expressão. Assim, este assunto não pode sair do âmbito de história popular e força de expressão para o patamar de doutrinas, a Bíblia não da base para isto. As Novas Escrituras terminam mantendo este assunto nas categorias denotadas. O protestantismo, porém, muda esta "denotação" de uma parábola popular e uma força de expressão, para uma conotação de estado de sobrevida fora do corpo, com o pressuposto da dualidade grega, aí está o problema! Assim, revisam o entendimento bíblico de uma forma totalmente diferente da judaica, pressupondo imortalidade da alma em textos que antes não eram entendidos como se referindo a um estado intermediário. Mudam, todo o entendimento judaico em prol do que considera-se uma "nova revelação" acerca de um "real estado dos mortos". De modo que, em dado tempo, houve uma mudança da compreensão da "morte como um sono" inconsciente para um "estado intermediário" consciente. O protestantismo, de sua parte, julga que isto começou já no Novo Testamento. Particularmente percebo que esta questão (de consciência na morte), assim como outras questões, como a da crença em fantasmas, ficaram mantidas e delimitadas na razão dos exemplos que foram denotados, não sendo colocados no patamar de doutrinas. Um abraço.

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