Paulo mostra, irmão João, a dupla função da lei, a primeira é garantir a ordem e a justiça, a segunda é condenar todo aquele que transgride a lei. A lei de Deus, porém, não admite o mínimo traço de defeito moral, diferente das nossas leis civis. Assim não matamos, não furtamos, não adulteramos mas continuamos pecando mesmo em pensamento. É pelo fato de a lei ser tão exigente e ir muito além das práticas condenadas nos 10 mandamentos que até mesmo os que guardam a lei continuam carecendo da graça como único meio de salvação. Esta é a teologia de Paulo que nos ensina que na ignorância os pecados não lhe era imputado, mas tendo aceito a Deus, recebeu a lei e não havia outro meio porque Deus precisava ensinar o povo a viver de uma forma diferente das demais nações, abandonando práticas que Deus detesta.
Assim tiveram consciência do pecado e assim é que o mandamento os matou, porque não podiam ser mais tomados por ignorantes e quanto mais conheciam da lei, mais a lei os condenava, à medida que deixavam para trás o estado de ignorância.
Assim a lei é o resultado da salvação que Deus opera em Seu povo. Porém a graça de Cristo que provê perdão para todo aquele que aceita a Deus e passa a viver conforme a Sua vontade, paga o preço dos pecados que cometemos, de modo que:
"Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito." Romanos 8:1
Aí que está o problema porque se alguém rejeita sumariamente a Cristo, não conta com os benefícios da expiação que é dada a todo aquele que aceita a Cristo.
Antes da vinda de Cristo, o povo professava esta fé no substituto por meio do sacrifício de cordeirinhos, porém, à partir da cruz este tipo de profissão de fé já não tinha mais validade. De modo que se não aceitassem a Cristo, não receberiam a salvação, ainda que praticasse todas as coisas antes instruídas na lei.
Muitos aceitavam a Cristo, mas não como o real substituto de todos aqueles sacrifícios, nem como sendo a fonte de onde sempre veio a salvação, continuando com a impressão de que a salvação vinha pela guarda da lei. Permanecer na lei é importante mas aceitar a Cristo é imprescindível, porque Dele vem a salvação e não da guarda da lei.
A lei é santa, justa e boa, mas no quesito de salvação aponta inteiramente para Jesus, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E assim devemos aceitar a salvação por meio Daquele a quem a lei a ponta e não por meio da própria lei.
A lei condena, irmão, somente aquele que não teve seus pecados perdoados, que não se arrependeram de seus pecados e que não procuram viver conforme a vontade de Deus expressa em Sua lei. Em nossa sociedade igualmente não guardamos a lei totalmente, nem por isto nos tornamos assassinos, assaltantes ou nos entregamos à prostituição. Assim também Deus queria que o povo vivesse quando entregou a Sua lei. Sendo pecadores por natureza, haveremos de infringir a lei, mas não podemos nos tornar criminosos, aqueles que fazem da transgressão um estilo de vida sem nos importarmos com a Lei e a autoridade.
E assim como a lei que temos em nosso país não salva de crimes que porventura venhamos a cometer, assim também a lei de Deus não salva pessoa alguma. Nossas obras não servem de justificação, irmão, assim como as boas obras de um criminoso diante de um tribunal não servem de justifica para a prática de crimes violentos.
Assim como um governador é o único que pode salvar um condenado da pena de morte, por meio de seus méritos e sua autoridade, assim também somente Deus pode salvar o homem da pena aplicada a todo pecador que é a morte.
Assim a lei de Deus é aliada enquanto andamos segundo o que ela nos instrui, nos protegendo daqueles males que podem ser dirigidos por um irmão contra nós. Mas é inimiga quando somos nós os que a transgride, fazendo mal a Deus e ao próximo.
E assim a lei de Deus permanece como regulamento do que é certo e do que é errado, não condenando filhos de Deus que se dispõem a fazer o bem antes do mal. Porém se um antes chamado para ser filho de Deus, se rebela, mata a um irmão por cobiça e não se arrepende, este é separado do povo e destinado à pena pelo seu pecado que é a morte, ainda que somente no porvir.
Devemos ser cidadãos de bem do reino dos céus, pecadores, mas vivendo conforme a vontade de Deus.
A lei de Deus é espiritual, irmão, a lei do pecado é que é carnal, e não o contrário:
"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado." Romanos 7:14
A lei do espírito é aquela que nos leva a praticar o bem, o estar em conformidade com a lei. A lei da carne é aquela que sempre nos leva à pratica do mau e do pecado, que é a transgressão da lei.
Não há como um cristão morrer, irmão, para o não matar, não furtar, não adulterar, no sentido de que não precisa mais praticar estes mandamentos. Estamos mortos para a lei não porque não iremos mais pratica-la mas sim que não seremos condenados por ela. E não sermos condenados pelos seguintes motivos:
1º) Porque tomamos consciência de nossos pecados por meio da lei, nos arrependemos e abandonamos aquelas praticas vivendo então uma nova vida;
2º) Porque tivemos todos os nossos pecados passados perdoados, graças ao sacrifício de Cristo na cruz;
3º) Porque podemos sempre contar com o perdão mediante o arrependimento caso venhamos a transgredir qualquer um dos mandamentos.
É por isto que estamos mortos para a lei, enquanto que o ímpio não! Porque participamos de um plano da salvação que nos garante os céus, conquanto aceitemos a Cristo e permanecemos Nele, andando como Ele andou, em obediência ao invés de rebeldia contra Deus.
De modo que ESTAMOS MORTOS PARA A LEI, não é a LEI QUE MORREU PARA NÓS! A lei é eterna e imutável e a única coisa que pôde ser feita foi cristo pagar pela transgressão em nosso lugar. E assim morremos para a lei junto com Cristo. Saímos da condição de condenados ainda que procurássemos guardar a lei, para a condição de salvos, ainda que tenhamos transgredido a lei.
O que cuida de nossos pecados à partir de então, é o perdão, o arrependimento, ajuda do Espírito Santo, força de Deus para vencer a tentação, sendo todos estes dons dados por Deus mediante a graça.
São estas ferramentes que nos permitem lidar com o problema dos pecados no contexto da salvação e permanência nos mandamentos de Deus e não a lei que continua nos mostrando o que é o pecado para nosso aperfeiçoamento mediante o trabalho que Cristo realiza em cada cristão a fim de viver cada vez mais longe do pecado.
Assim nosso inimigo já não é mais a morte, trazida pela lei, mas o pecado que continua nos acompanhando em nossa natureza carnal, neste mundo. É esta natureza carnal que permanece, batalhando contra a lei espiritual que nos convence do pecado através da mente, onde o Espírito Santo atua para implantar aqueles conceitos morais divinos no coração e na mente de cada cristão.
"Porque esta é a aliança que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo;" Hebreus 8:10
Os malefícios trazidos pela lei é culpa inteiramente nossa, irmão, que somos pecadores e assim vivemos ferindo os seus preceitos. A lei em si é boa, justa e santa como o próprio Deus, a lei não faz mal a ninguém que não é pecador, pelo contrário, o funcionamento natural e efetivo desta lei nas criaturas que nunca pecaram é que garante um reino de paz e harmonia que infelizmente foi quebrado pela existência do pecado.
Assim nosso inimigo é o pecado, irmão e não a lei. Como cristãos devemos evitar toda forma de pecado, instruindo outros na obediência à lei:
"Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus." Mateus 5:18,19
Assim devemos estar do lado de Deus e Sua lei, contra Satanás e o pecado, que é a transgressão da lei.
Esta é a verdadeira teologia acerca do objetivo da lei, irmão, um instrumento de Deus colocado em confrontação com o pecado, para santificação do povo de Deus por meio Daquele que nos santifica. Salvação, perdão, transformação porém, somente pela graça de Cristo, provindo unicamente Dele, sendo assim que as coisas funcionam neste mundo.
Um abraço.
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