terça-feira, 10 de outubro de 2017

A salvação nunca foi pela lei nem pela ausência dela

Olá, irmão Arnaldo, é para o irmão entender de que a lei não substitui nem contradiz a graça como meio de salvação

Criou-se a ideia de que a salvação no Antigo Testamento era pela lei, que os Israelitas guardavam a lei como meio de se obter a salvação! Esta crença provinda de seitas (no bom sentido) judaicas, incluindo a dos fariseus, hoje é compartilhada por irmãos que partilham da escola de interpretação chamada dispensacionalismo.

A doutrina do santuário, baseada nos rituais do santuário que os Israelitas realizavam diariamente era o meio didático pelo qual Deus ensinava que não pela lei que estavam guardando, mas sim por um sacrifício substitutivo a ser concretizado no futuro é que obtinham de antemão a salvação.

Essa ideia de que o povo recebeu a lei para ser salvo por ela é totalmente contrário ao ensinamento Bíblico. O povo de Israel recebeu a salvação já na libertação da escravidão no Egito, de graça, por terem aceito o Deus verdadeiros como seu Senhor.

A aliança foi feita não para dar a salvação como pagamento quando a cumprissem, mas sim porque como haviam sido salvos, tendo suas orações atendidas, passado às mãos de um novo senhor, agora teriam que viver em conformidade com a vontade Daquele Senhor, o Deus de Israel.

Todo Senhor dá leis e manifesta Sua vontade a Seus servos, a aliança é como um contrato, não para exigir a salvação de Deus porque já receberam, mas para que se registre de que o povo está ciente dos seus deveres para com Deus e de Deus para com Seu povo e que se traduz em proteger e trazer prosperidade àquele povo conquanto permaneçam nos Seus mandamentos.

"Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes." Deuteronômio 11:26-28

Não se ensina, nesta escola, o antigo testamento, não se estuda a natureza da lei nem da aliança, apenas se ensina a despreza-la, deixar seu estudo de lado, sob pretexto de que teria perdido a validade como meio de salvação quando em verdade nunca serviu de meio de salvação.

E assim distorcendo o caráter da lei e colocando-a como adversária da salvação é que o dispensacionalismo impõe seu argumento de que a lei deva ser abolida para dar lugar à graça o que é totalmente contrário às Escrituras:

"Anulamos, pois, a lei pela fé? DE MANEIRA NENHUMA, antes estabelecemos a lei." Romanos 3:31

E no percorrer da história do Povo de Israel, Deus fez com eles várias outras alianças, na forma de promessas:

"E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus, E te converteres ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, Então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus." Deuteronômio 30:1-3

A lei não toma o lugar da fé, pelo contrário, primeiro a fé, depois a lei como regra de fé e de prática para aquele que manifestou a fé. Primeiro o povo foi liberto, recebendo a salvação, depois recebeu a lei, para guardá-la, não cometendo as maldades praticadas por outras nações, para que assim pudessem receber a herança de seu pai Abraão, a terra de Canaã.

E o mesmo processo ocorre nos dias de hoje, pela fé nos apropriamos da graça e assim guardamos a lei, até que recebamos o reino celeste que nos está prometido.

Toda a ideia de aceitação de um sacrifício substitutivo já estava presente fortemente entre o povo de Israel, Abel e Caim, já faziam seus sacrifícios e ofertas a Deus em um ritual que simboliza o sacrifício de Cristo por vir.

Por esta mesma fé Abrão se apropriou da graça e entendeu de que um substituto, o Filho de Deus, seria enviado como propiciação para nossos pecados:

"Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho. Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho." Gênesis 22:12,13

Jesus revela:

" Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se." (João 8:56)

Este é o belo ensinamento do Antigo Testamento, cristocêntrico. O tão aguardado messias, Emanuel, raiz de Davi, se interpretam na pessoa de Cristo. O primeiro cordeiro sacrificado representava a Cristo, a primeira profecia Bíblica é acerca de Cristo:

"Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar"". Gênesis 3:15

Por isto Cristo disse:

"Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito." João 5:46

"Abraão respondeu: ‘Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos’ ". Lucas 16:31

A lei foi dada a um povo recém liberto por isto é chamada de lei da liberdade:

"Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade." Tiago 2:12

Símbolo da libertação do pecado, antes viviam no pecado (transgressão da lei), então passaram a viver livres do pecado (guardando a lei).

A teoria dispensacionalista porém, torna a lei em pecado, julgo, servidão. Mas este não é o verdadeiro caráter da lei, mas sim o caráter daquele que tenta fazer da lei um meio de salvação. Porque não é a lei que promove as bem aventuranças, mas sim a GRAÇA DE CRISTO, como recompensa à obediência a Deus através de Sua lei.

Este é o sentido da lei que a cristandade tem deturpado por pura falta de estudo da natureza da lei de Deus. A lei nunca foi dada como meio de salvar alguém, ou de se comprar benefícios para com Deus. A lei, pelo contrário, tem a função primordial de condenar todo pecador.

Agora, a lei é boa porque traz também a justiça, porque aquele que matar um de seus irmãos será punido, aquele que lhe furtar, terá que devolver e sofrerá castigo. Agora, também não é a lei em si que promove estas coisas, mas Deus através de suas autoridades constituídas, também resultado da graça de Deus.

E todos estes privilégios só se tornam possível graças ao sacrifício de Cristo, de modo que, de antemão já usufruíam do resultado da salvação que se concretizaria tempos depois de terem recebido as promessas.

A salvação era independente da guarda da lei, mas a permanência na salvação e nas promessas de Deus, dependia de o povo estar ou não em fidelidade ao seu Deus LIBERTADOR.

Deus não libertou os hebreus para continuarem vivendo como as nações ímpias, executando aquelas mesmas práticas, conforme aprenderam no Egito. O sistema de se viver debaixo da graça é o total oposto do sistema de se viver debaixo do pecado. Guardas-e a vontade de Deus e os seus mandamentos, ao invés transgredi-los como Satanás tem feito desde que pecou.

E o que guarda a lei, não colhe os resultados de sua transgressão!

O que guarda a lei da lepra, não se contaminará com ela, o que guarda a lei sobre as carnes imundas, não se contaminará com ela. Aquele que não matar a seu irmão, não sofrerá o peso da espada. Aquele que não roubar, não terá que restituir e aquele que adulterar não terá que ser julgado nem condenado.

É por isto que a lei é boa, porque ela é terrível somente para aquele que transgride:

"Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas" 1 Timóteo 1:9

O efeito colateral da lei, em um povo sincero, é que mesmo procurando guarda-la ela ainda nos condena, porque mesmo não matando ou furtando ou adulterando ou fazendo qualquer das coisas hediondas contido nos 10 mandamentos, pecamos, tropeçamos e erramos nas demais coisas.

E fazemos coisas que implicam na transgressão daqueles mandamentos, como odiar ao irmão, que pelo ensino de Jesus entendemos como sendo uma forma de assassinato.

A solução para isto, porém, já havia sido garantida, por meio do sacrifício substitutivo que era ensinado àquele Povo. De modo que poderiam guardar a lei tendo a certeza da salvação, tendo garantido o perdão para os pecados que cometeram.

O que a Bíblia contradiz é a ideia de se viver debaixo da lei, como não tendo recebido a garantia da salvação, acreditando que por ela, alcançariam a redenção! Alguns judeus imaginavam que não haviam recebido a salvação gratuita ao aceitarem a aliança com Deus, assim guardavam a lei não com medo de perder a salvação já ganha, mas como tentativa de se conquistar uma salvação a qual acreditavam setar vir. Não criam, de fato, nas promessas de envio de um substituto que pagaria a Dívida.

Por isto a graça é superior à lei, porque pode salvar, e hoje, quando aceitamos a Cristo, não temos aquela dúvida e desconfiança se deveríamos confiar em um sacrifício vindouro a fim de sermos salvos na forma de um dom concedido por Deus. Hoje, o sacrifício já foi feito e aceito e a salvação concretizada e assim podemos viver na certeza da salvação!

A promessa de Deus se concretizou, o cordeiro foi enviado e a dívida foi paga, agora não há mais condenação (Romanos 8:1), desde que permaneçamos na lei, como o povo de Deus sempre permaneceu. Não se colocando em rebeldia contra Deus e pedindo perdão pelos nossos pecados sempre que percebermos que a transgredimos.
Nesta Nova Aliança lei continua vigente, atuando contra aqueles que não aceitaram a Cristo e não se arrependem de seus pecados, condenado o assassino nesta vida e na ressurreição vindoura. O ladrão, o mentiroso, o adúltero, o blasfemo, todos estes colhem as consequências de suas transgressões, tanto as punições civis, quanto o repudio de seus semelhantes bem como o não recebimento de bênçãos preparadas por Deus somado à condenação no juízo final, conquanto não se arrependam e busquem salvação e libertação do pecado através de Cristo.

De modo que, irmão, o conceito de lei e graça, obediência e salvação estão muito deturpados na comunidade cristã, principalmente a evangélica. Por isto a IASD se identifica muito com a fé reformada pois compartilham da mesma visão acerca da relação entre lei e graça. Lei e graça são parceiras e não adversárias.

A natureza da lei ser contrária a nós foi removida na cruz, hoje, nossas falhas e pecados, através do perdão provindo da graça de Cristo, são perdoados, sendo todos pagos por meio do sangue provido no sacrifício de Cristo, que é o que concede remissão para os nossos pecados (Hebreus 9:22).

A lei funcionou como um tutor, ensinador, para ensinar acerca de Cristo, do plano da salvação e da vida que todo crente em Deus deve levar como resultado da graça transformadora.

A guarda da lei, irmão comprova que a graça transformadora de Cristo está atuando em nós, nos tornando cada vez mais semelhantes a Cristo, vivendo uma vida de sujeição à vontade de Deus e renúncia ao pecado.

O sangue de Cristo, irmão, cobre nossas falhas e imperfeições, mas não cobre a rebeldia, o espírito atrevido e uma vida de transgressão deliberada aos mandamentos de Deus. A graça é transformadora e nos leva à obediência a Deus, à sujeição à sua vontade e permanência na Sua lei.

Ir contra a lei de Deus é sinal de rebeldia contra Deus, a transgressão do mínimo mandamento se constitui em pecado e se praticamos esta transgressão deliberadamente estamos pecando de forma deliberada e isto demonstra de que não estamos permitindo à graça atuar, de fato, em nós.

"Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus." Mateus 5:19
Se aceitamos a lei e rejeitamos a graça, não há salvação para nós, do mesmo modo que, se tendo a graça rejeitamos a lei, não haverá outro destino para nós senão a condenação, pela desobediência.

Aceitando a graça devemos permanecer na lei, porque a lei serve como norma e estilo de vida para o cristão e maldição e condenação para aqueles que se colocam como inimigos de Deus e não se arrependem.

A lei e sua condenação sempre nos joga para a graça de Cristo e ao aceitarmos a Deus e permitir a transformação de caráter que ela opera em nós, trazendo paz, prosperidade e nos livrando das consequência do pecado, sentimos prazer na lei de Deus.

Vivemos então em paz com Deus, guardando sua lei totalmente perdoados, um deus que corrige e disciplina para o nosso próprio bem, que nos ama e nos perdoa pelas nossas faltas.

É esta relação de amor que devemos ter para com Deus, de gratidão.

Um abraço

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