sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Leis morais, preceitos judicias, leis cerimoniais, tradição e ordenanças



Quando analizamos as cartas do novo testamento, percebemos que certas ordenanças descritas no livro de Êxodo deixaram de serem praticadas. Os exemplos de Jesus demonstram que algo importante aconteceria e que mudaria a forma como o homem passaria a observar os Mandamentos de Deus que vão de Êxodo 20 até Êxodo 40 e que incluiam os mandamentos morais, os preceitos judiciais e as leis cerimoniais .

Uma passagem que nos dá uma clara idéia disto se encontra em   João 8, que relata o caso de uma mulher que haveria sido apanhada em adultério e levada à presença de Jesus.

"E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes. Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar."

Mas como Jesus seria acusado?

A resposta para esta pergunta está nas leis romanas que proibiam o apedrejamento. Haveria portanto Deus esquecido de levar em conta em sua oniciência que um dia Israel seria subordinada aos romanos e teria que seguir suas leis?

Como resposta para esta pergunta, temos o exemplo de Jesus que ensinou ao povo que era necessário obedecer as leis romanas e pagar seus tributos.

Jesus então teria vindo em um período de transição entre os preceitos judiciais de Israel e as leis romanas?

Ao fazermos um estudo biblico percebemos claramente que sim. Nas cartas do novo testamento, o apóstolo descreve um episódio onde um membro da igreja de Corinto havia tomado a própria mulher de seu pai.

"Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai." (1 Coríntios 5:1)

A punição para este tipo de prática que constitui um adultério seria o apedrejamento, mas veja a recomendação dada à igreja:

"Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais." (1 Coríntios 5)

Este é o motivo pelo qual hoje o povo de Deus, os cristãos, não mais apedrejam os transgressores da lei, mas o disciplina afastando-o do meio do povo.

Este episódio claramente nos mostra o propósito de Jesus ao dizer:

"... Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela." (João 8:7)

Não só o adultério, mas também o sábado, recebeu um tratamento diferente do que ocorria antigamente. Jesus não deu ordens pra apedrejamento dos transgressores do sábado, coisa que os isrealitas também não mais poderiam praticar em virtude das leis romanas.

Ao defender que os israelitas deveriam obedecer às leis vigentes naquela época, inclusive as leis relativas aos impostos, Cristo nos mostra que não haveria repreensão aos israelitas por não mais praticarem as punições relativas aos preceitos judiciais dados à moisés, que neste caso específico se tratava de uma ordenança relacionada ao mandamento do sábado imposta em   Êxodo 31:14.

"Guardareis o sábado, pois ele vos deve ser sagrado. Aquele que o violar será morto; quem fizer naquele dia uma obra qualquer será cortado do meio do seu povo"

Mas o que eram os preceitos judiciais?

Ora os preceitos judiciais eram as ordenaças dadas por Deus e que diligiam a forma como o povo de Deus guardaria os mandamentos, bem como as punições pela infração de um mandamento.

Os preceitos judiciais iam além disto provendo uma "constituição" para o povo de Deus que não tinha lei judicial alguma naquela época. Estas leis judicias definiam a forma de resarcimento de danos, punição de crimes a forma de castigo e até a pena de morte para certos tipos de infrações.

Quando lemos apenas o livro de Êxodo 20 percebemos que Moisés recebe a táboa dos mandamentos, entretanto, não recebe recomendação alguma quanto às punições que deveriam ser aplicadas ao povo, no caso de uma transgressão.

Mas afinal de contas, onde estariam escritos os preceitos judiciais dados ao povo de Deus?

Encontramos a resposta no capítulo seguinte, em Êxodo 21, onde Deus descreve os estatutos que serviriam de lei civil para o povo que não tinha lei civil alguma ainda.

Ao lermos os textos de Êxodo do capítulo 21 até o final do capítulo 23 entendemos que além dos 10 mandamentos, Deus entregou à moisés preceitos judiciais que serviriam para regulamentar a sociedade israelita.

Quando lemos o capítulo 25 percebemos que Deus dá à Moises um novo conjunto de leis, referentes aos rituais cerimoniais, como a do sacrifício do cordeiro. À este conjunto de novas leis dá se o nome de Leis Cerimoniais, que são nada mais que as leis referentes à todo aspecto cerimonial que deveria ser observado pelo povo de Deus.

Estas leis descrevem desde a forma de construção do templo até a construção dos móveis e compartimentos sagrados. Também define os apetrechos e das roupas sacerdotais além de definir os dias de sábados cerimoniais para prática das festas e rituais.

Percebemos que a punição de morte aos que transgridem os sábados está justamente nesta parte que fala do aspecto cerimonial à partir de  Êxodo 31:13:

"Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica.

Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo.

Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao SENHOR; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá.

Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua.

 Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se."


Percebemos que Deus deu uma nova ordenança em relação aos mandamentos, neste caso o sábado, onde diz que quem porfanasse o sábado deveria morrer.

Os versos seguintes trata da descida de Moises, do monte, após receber os mandamentos, passemos adiante para o versículo 34 de Êxodo.

À partir do versículo 34 percebemos o que seria o muro de separação citado em:

"Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio," ( Efésios 2:14)

Tratavam-se de ordenanças que impediam o povo de Israel se achegar a outros povos:

"Para que não faças aliança com os moradores da terra, e quando eles se prostituirem após os seus deuses, ou sacrificarem aos seus deuses, tu, como convidado deles, comas também dos seus sacrifícios, E tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se com os seus deuses, façam que também teus filhos se prostituam com os seus deus" (Êxodo 34:15-16)

Ao lermos o livro de Neemias percebemos que o povo chegou a cair em apostasia, justamente por desobedecerem esta ordenança, onde seus filhos se uniram à filhas de nações pagâs e foram corrompidos por seus deuses:

"E contendi com eles, e os amaldiçoei e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos." (Neemias 13:25)

Percebemos então que à partir de Êxodo 34 há uma série de ordenanças que não mais eram praticadas pelos cristãos após o sacrifício de Jesus e muitas delas eram até combatidas pelas cartas do novo testamento, porque o povo tentava usá-las como meio de salvação.

Mais um exemplo das ordenanças relativa ao mandamento do sábado se encontra em Êxodo 35:3:

"Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado."

Quando analizamos as cartas do novo testamento, percebemos que as críticas são referentes ao trato dos novos cristãos em relação às leis cerimoniais. Estas leis serviram de sombra de representação do papel de Jesus, logo, deveriam deixar de serem observadas quando o próprio Jesus cumprisse o papel das cerimônias.

"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo." (Colossenses 2:16-17)

Percebemos que o aspecto referente à comida, bebida e também dos sábados cerimoniais (Êxodo 31:14), não deveriam mais serem observados porque todo o aspecto cerimonial da lei havia sido trasferido para Jesus, mas haviam também certas ordenanças dadas ao povo de Deus.

Estas ordenanças que incluiam, também, regras para observação dos sábados, havia sido tomado pelos israelitas como um meio de obter a salvação, inclusive agregaram à estas regras outras que não estão descritas na palavra de Deus, um exemplo destas regras é a Mishná. Estas regras agregadas por homens era tomada por Jesus como tradição de homens.

"Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?" (Mateus 15:3)

Veja que Jesus faz uma referência explícita a um dos mandamentos:

"Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus." (Mateus 15:5-6)

Outros exemplos de tradições agregadas à lei eram as proibiçõesde levar a própria cama, ou andar além de limites pré-estabelecidos no sábado. Estas tradições, por vezes, eram composta de regras absurdas que foram agregadas ao modo de observância dos mandamentos, especialmente do sábado, tão rigorosa que a observação delas por parte do povo se tornaram inviáveis.

"E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição." (Marcos 7:9)

"Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade." (  Tito 1:14)

Muitos apologistas que pregam a abolição dos mandamentos e que um dia decidem estudar a fundo a palavrade Deus, se sentem nus, ao descobrirem que estavam errados, porque percebem que Jesus jamais combateu os 10 mandamentos dados à moisés, mas tão somente aprática do cerimonializmo como meio de salvação.

Jesus e seus discípulos nunca combateram os mandamentos, nem o sábado, mas tão somente a observância de aspectos cerimoniais da lei que já haviam cumprido o seu papel. O propósito original das cerimonias era ensinar a salvação ao povo por meio da representação do sacrifício do cordeiro. Eram atos simbólicos do papel que o Cristo assumiria na cruz e passaria então a dar continuidade no céu.

O povo achou que o cerimonialismo era o meio de Salvação, não compreendendo que a salvação era por meio de Jesus, o cordeiro representado pelo cerimonialismo e não pelo cerimonialismo.

Além destes aspectos cerimonial, Jesus e seus discípulos combateram certas tradições e regras que eram meramente humanas e que o povo insistia em acreditar que eram indispensáveis, como o lavar de jarros, não apanhar frutos para alimentação imediata no dia de sábado, não carregar muitas roupas sobre o corpo, ou não carregar um pertence volumoso.

Uma explicação contundente para a observância de leis locais em detrimento dos preceitos judiciais de Israel é que o evangelho seria pregado à outras nações e estas não seriam, necessariamente, obrigadas a obedecer os preceitos judiciais de Israel. Como poderiam as nações do mundo, deixar suas leis vigentes e mudarem seu contexto socio-cultural e adaptar-se aos preceitos judiciais dados à Israel por meio de Moisés?

Jesus nos deu a resposta ao incentivar o povo a obedecer as leis romanas e ao não incentivar o apedrejamento de transgressores. Fazendo isto, estava preparando a derrubada do muro de separação  (Êxodo 34:15-16). Esta derrubada do muro envolve tanto preceitos judiciais como leis cerimoniais e certas ordenanças relacionadas aos mandamentos como o apedrejamento dos transgressores do sábado, o não acender fogo no dia de sábado e outras medidas que tinham um único propósito:

Prevenir a corrupção do povo.

Com o sacrifício de Jesus, muita coisa mudou, para melhor. O cristão se tornou uma nova criatura, combatente do pecado. A presença do Espírito Santo e do próprio Jesus na vida do cristão o capacita a ir por todo o mundo pregando o evangelho, mesmo nos lugares mais pecaminosos. Depois do sacrifício de Jesus, o poder de satanás sobre o homem foi restringido e Jesus passou a ter liberdade de atuar plenamente na vida do cristão.

E foi muito além disto, o sacrifício abriu as portas para que Jesus pudesse arrebanhar aqueles que antes não lhe pertencia antes do sacrifício. Jesus pagou o preço por todos, portanto não somente o povo de Israel, mas toda a humanidade passou a fazer parte dos domínios de Deus.

Mas isto significa que os 10 Mandamentos de Deus haveriam sido também abolidos?

De Jeito nenhum, qualquer dúvida, basta observar a vida de Cristo e dos apóstolos:

"Se me amais, guardai os meus mandamentos." (João 14:15)

"A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus." (1 Coríntios 7:19)

"E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista" ( 1 João 3:22)

"Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus manda-mentos; e os seus mandamentos não são pesados." (1 João 5:3)

"Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade." (1 João 2:4)

"E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado." (1 João 3:24)

"Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus." (1 Tessalonicenses 4:2)

Veja o contraste: Enquanto Jesus e os apóstolos combatiam o cerimonializmo e a tradição judaica, estes mesmos pregavam e firmavam os dez mandamentos entre os fiéis.

A própria vida de Jesus e seus ensinamentos nos mostras o que devemos ou não observar nos dias de hoje. Este, tomou para si todo o papel do cerimonialismo, ao qual este nos representa hoje no céu. Jesus também nos mostrou que embora não observemos os preceitos judiciais de Israel, devemos observar os preceitos judiciais de cada nação por onde passarmos.

Quanto aos mandamentos, Jesus simplesmente os guardou e os ensinou aos cristãos:

"Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus." (Mateus 5:19)

Jesus fez questão ainda de mostrar os mandamentos de uma forma mais rigorosa do que pregavam os escribas e os fariseus:

"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus."  (Mateus 5:20)

"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela." (Mateus 5:27-28)

"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno."  (Mateus 5:21-22)

Sigamos o exemplo bíblico, observando os 10 mandamentos como Jesus observou, observando os preceitos judiciais de cada país e pagando seus impostos como Jesus o fez e colocando os méritos de nossa salvação em Jesus e não em cerimonialismo ou tradição, como fizeram os fariseus.


(Sr. Adventisa)




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