Creio que o debate esteja assumindo o rumo da ignorância. Melhor desacelerarmos um pouco, porque até mesmo o anti-cristo está sendo jogado antes do tempo no lago de fogo (está precisando ler mais a Bíblia).
Uma coisa precisa ser esclarecida.
A maior prova da aniquilação dos ímpios, está na constatação acerca da morte. Tomando morte como significando realmente o fim da vida, já traz o conceito de aniquilação.
Como a morte é um evento "natural" e observável, onde se constata a ausência de vida, creio não ser necessário provar que morte é morte mesmo.
A questão que estamos tratando é se a Bíblia ensina que uma alma etérea deixa o corpo indo para o céu ou inferno, ou se tudo se resume àquilo que vemos.
O cristão descrente do imortalismo prega de que a morte se resume àquilo que vemos. A pessoa voltando para o pó da terra e não tendo mais consciência, nem capacidade cognitiva.
O Antigo Testamento também apresenta esta visão natural de que o defunto não tem lembrança, não sabe o que se passa ao redor, não tem consciência.
O Antigo Testamento também prega a destruição dos ímpios.
A Bíblia ensina de que esta terra será completamente reformada.
Deste modo, se não crermos na doutrina da imortalidade da alma, os textos bíblicos por si só, não dão margem para outro entendimento, senão de que os ímpios serão destruídos e esta terra será plenamente reformada, sem traço algum do pecado.
Conclusões óbvias de alguém que não acredita na imortalidade da alma:
Quando o lago de fogo e enxofre deixará de existir?
R: Quando esta terra e os ímpios forem totalmente purificados pelo fogo, então Cristo fará nova terra, que será morada permanente dos salvos.
Os ímpios habitarão esta terra?
R: A Bíblia não menciona os ímpios habitando esta terra, até porque serão destruídos no lago de fogo e enxofre.
O que é a segunda morte?
R: É a morte definitiva, onde o ímpio, integralmente é destruído.
O fogo que Deus enviará para queimar os ímpios e purificar esta terra permanecerá eternamente?
R: Não porque este fogo tem que cessar, para que Cristo construa a nova terra.
Então os ímpios não viverão eternamente sendo atormentados?
R: Não, porque a vida eterna é prometida somente aos justos.
Que provas temos de que a morte é realmente um estado inconsciente?
R: Além daquilo que podemos constatar visivelmente, temos a revelação de Deus na Bíblia sagrada. No que inclui o antigo testamento que mostra a morte como um sono inconsciente no pó da terra, temos também os ensinamentos de Cristo, que também compara a morte a um sono e de Paulo, que também compara a morte a um sono.
A Bíblia ensina a desencarnação?
R: Não, o que a Bíblia ensina é a glorificação do corpo e que se trata de uma transformação.
A Bíblia ensina a reencarnação?
R: Não, o que a Bíblia ensina é a ressurreição.
A Bíblia ensina de que há um lugar preparado para receber almas que deixam o corpo?
R: Não, o que a Bíblia ensina é que Cristo está preparando moradas físicas para acomodar os salvos em sua estadia no céu. E que os salvos serão buscados a fim de habitarem as moradas celestes, quando da volta de Cristo.
A Bíblia ensina de que almas de mortos que porventura estiverem no paraíso virão com Cristo a fim de encarnarem-se novamente em um corpo?
R: Não, o que a Bíblia ensina é de que Cristo virá acompanhado apenas de seus Anjos.
Existe um lugar de tormento no interior da terra onde a alma dos ímpios estão sendo atormentadas?
R: Não, não há nenhum lugar debaixo da terra, deste tipo. Esta imagem que vem à cabeça de muitos é derivada da cultura grega que assim pregava a existência de um inferno. A Bíblia não ensina a existência de tal lugar, e se hoje pudéssemos viajar ao interior da terra, provavelmente não o encontraríamos.
O seio de Abraão existe?
R: Não, isto faz parte de uma crença popular, contada em uma parábola, contextualizada em um lugar de paraíso daqueles que, diferente de Moisés, Elias e Enoque, não foram arrebatados vivos ao céu. Os israelitas naquela cultura não criam em uma vida eterna no céu (exceto a privilegiados como Elias, Enoque e Moisés, que foram arrebatados). Então criaram um lugar para Abraão. Mas esta era apenas uma crença e não há evidências bíblicas de que tal lugar, realmente exista.
E o inferno do Rico existe?
R: Não, o lugar de tormento mencionado na Bíblia, tal qual o seio de Abraão se mostra como herança de uma cultura, neste caso específico, não da cultura israelita, mas da cultura grega que já influenciava aquele povo.
Moisés apareceu em espírito a Jesus?
R: Não, o que a Bíblia mostra é que houve uma disputa entre Miguel e Satanás pelo corpo de moisés. Miguel venceu, o que explica o porque de Moisés estar ali com o seu corpo, passível de habitar em uma tenda.
E os israelitas criam em espíritos?
R: Sim, alguns influenciados pela cultura grega, assim como nós, realmente criam em espíritos da forma como vemos em filmes como Ghost. Não obstante, supostos vultos e aparições, eram tratados como manifestações sobrenaturais, ou fantasmas! Porém aquilo era fruto da imaginação popular, como vemos em um relato Bíblico onde Jesus foi confundido com um fantasma, ao se aproximar andando sobre as águas, por conta de seus apóstolos estarem em uma situação de muito medo.
O que é a morte, na verdade?
R: Morte é aquilo que vemos, um estado de inconsciência e também aquilo que não vemos, mas veremos, algo que possui solução na ressurreição.
É possível um morto voltar à consciência, ou manter a consciência, por outro meio que não a ressurreição?
R: A Bíblia mostra unicamente a ressurreição como meio de tornar um morto à consciência.
Lázaro, que foi ressuscitado, contou alguma coisa, ou se viu alguma coisa enquanto esteve morto?
R: Nenhum dos ressurretos, pelo que consta na Bíblia, relatou qualquer experiência durante a morte, assim devemos crer de que realmente estavam inconscientes.
A Bíblia menciona conversa de pessoas mortas, como elas então se comunicariam, já que não existe consciência durante a morte?
R: Os versos que apresentam supostos clamores, tratam-se de casos de figuras de expressão, simulando a fala de pessoas mortas e no caso específico de uma conversa entre mortos, um rico e um lázaro, trata-se de uma história fictícia, contada em tom de parábola. Há também um caso de aparição envolvendo um profeta que estaria morto e um rei. Porém, pelas declarações das escrituras devemos crer de que se tratava de uma manifestação de satanás, a fim de enganar ao rei.
Por que a imortalidade da alma parece se adaptar tão bem a versos do Novo Testamento?
R: Esta adaptação é aparente, porque a cultura israelita tinha por costume se referir a pessoas e a certas características íntimas do ser humano, com palavras como alma e espírito, que na cultura grega, por exemplo, tinham outra conotação.
A Bíblia ensina a separação entre corpo, alma e espírito?
R: Pelo contrário, a Bíblia apresenta a necessidade da união do corpo com o espírito para a existência da alma.
Como então podemos compreender corretamente estes versos que parecem estar falando sobre almas e espíritos desencarnados?
R: Basta se acostumar aos ensinamentos antigo-testamentários, que mesmo pregando a morte como um sono, já se utilizava de expressões que pareciam estar dando vida aos mortos, ou até mesmo plantas, animais, rochas e outros seres inanimados.
E sobre a destruição dos ímpios, ao invés de um tormento eterno? Como podemos evitar de compreender equivocadamente, versos no Novo Testamento que parecem apoiar a ideia de um tormento sem fim?
R: Basta, também, se familiarizar dom os ensinos do Antigo Testamento, que também apresenta as mesmas coisas tidas como eternas, porém em contexto que mostram de que tais coisas não duraram de fato para sempre, a exemplo do castigo de Sodoma e Gomorra.
Ué, mas eterno, não significa para sempre?
R: Nem sempre. Na cultura hebraica, utilizavam a palavra eterna para definir algo duradouro. Assim, utilizavam tal palavra tanto para definir a Deus em seus atributos de fato eterno, quanto a fenômenos naturais claramente não eternos, como a chama de uma fogueira ou a fumaça que dela sobe.
Então o inferno definitivamente não será eterno?
R: Depende se está se usando o sentido oriental ou ocidental do termo eterno. A imagem ilustrativas do Gehenna, com seus corpos queimando eternamente, além da cidade de Sodoma e Gomorra, também queimando eternamente, foram utilizadas inclusive por Jesus, para explicar, também, a duração do castigo reservado aos ímpios. Se entendermos que o inferno será eterno, tomando como base estes dois eventos, não haverá problema em dizer de que o castigo dos ímpios serão eternos (tal como o castigo de Sodoma e Gomorra e dos criminosos que eram queimados no Gehenna). Porém se formos utilizar conceitos da dualidade grega, juntamente com o conceito de eterno aplicado ao inferno ali apresentado, aí teremos problema! Porque o que era tão somente duradouro se confundirá com algo, que na cultura grega, era realmente apresentado como eterno, tal qual o inferno grego.
E finalmente, o que devemos fazer para evitar que estes equívocos ocorram em outros assuntos?
R: Devemos nos familiarizar com a cultura hebraica e sua formas de linguagem e expressão. Devemos analisar, também, o Antigo Testamento e ver como era o entendimento hebraico acerca de questões como a morte e o castigo dos ímpios, em uma época onde ainda não haviam sido influenciados pela cultura grega. Devemos tomar cuidado também, pelo fato de, já nos tempos antigos, estarem familiarizados com outras culturas, especialmente pagãs.
Deste modo devemos nos prender primordialmente à revelação, acerca de assuntos, para saber o que Deus apoia e o que Deus não apoia na cultura de cada povo, com os quais Deus interage, inclusive utilizando de sua cultura para passar ensinamentos, quer esteja esta cultura correta ou incorreta, a exemplo da poligamia.
Os equívocos culturais eram realmente frutos de uma meninice na sabedoria que vêm de Deus. De forma que Cristo não corrigiu a percepção errada de seus apóstolos, quando acharam então que viram um fantasma, ainda que soubessem de que a Bíblia claramente ensina de que mortos não podem se manifestar a vivos.
A força de Cristo estava na ressurreição. Por este conceito, se justificaria a vida além da morte!
Qualquer que se prenda unicamente à ressurreição como remediável solução para a inconsciência da alma, evitará de desviar-se para aquilo que não é bíblico.
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