Sábado, tão eterno e presente como o arco que um dia
Deus colocou no céu.
Na época de Israel, quando Moisés recebeu as táboas contendo os mandamentos, a cultura local apresentava um senso de justiça diferente do que temos hoje.
Naquela época, imperava o castigo capital e as penas capitais e os povos não conheciam outros meios de se praticar a justiça. Um homem que sofria adultério, dificilmente se contentaria em receber uma indenização por parte da mulher, pois isto seria ainda mais vergonhoso para o homem, segundo o pensamento daquela época, ao receber dinheiro de tal mulher.
Também não saciariam sua fome de justiça com algumas chibatadas àquela mulher, era uma época onde se entendia que honra, somente se lavava com sangue.
Foi esta a educação e instrução na qual se encontrava o povo de Deus, recém liberto da escravidão do Egito, tendo assimilado ali várias de suas práticas e também, vários de seus conceitos sobre moralidade e justiça.
Deus entendia que a fome e sede de justiça para aquele povo, em alguns aspectos, somente seria saciado com a morte do ofensor, por isto Deus incluiu na aplicação da pena pela transgressão das SUAS leis a pena de morte.
O povo era de dura cerviz e o coração era de pedra. Castigados e maltratados pela servitude em escravidão e humilhação, poucos traços de humanidade se achava ali entre aquele povo. Também haviam triunfado sobre os egípcios e a sensação de vingança e orgulho lhes tomavam em vaidade, enquanto se desfigurava ainda mais o seu próprio caráter.
Foram tomados pela vaidade, a vaidade os tomou e nem o próprio Moisés estava imune a isto, conforme lemos em (Números 20:10). Como castigo, a Moisés foi permitido contemplar a terra prometida, porém lhe foi negado que pisasse sobre ela (Deuteronômio 34:4).
Deus então colocou sobre SEU povo um selo da obediência. Este selo era um sinal entre Deus e o seu povo, para que o povo soubesse que, porquanto obedecessem SEUS mandamentos, estariam andando com Deus (Ezequiel 20:20).
Um exemplo de sinal eterno, também encontramos em Gênesis 9:12.
A vontade de Deus era a de que o povo perdoasse, porém em uma época onde seria impossível ensinar-lhes tal prática (isto teria que acontecer no futuro com a vinda do messias), Deus teve então que utilizar-se da cultura local na aplicação da PENA pela transgressão de suas leis, como forma de saciar plenamente a fome e sede de justiça daquele povo.
O adultério, bem como outras transgressões, tidas entre aquele povo, como imperdoáveis, e que atentavam contra a moral, receberam a pena capital. Danos materiais porém eram ressarcidos monetariamente e naquela época muitas coisas eram utilizadas como moeda, como por exemplo o gado.
Deus colocou a transgessão do quarto mandamento ao patamar dos crimes mais graves, como o adultério, para dar o exemplo e ensinar ao seu povo que a transgressão do sábado era tão ou mais terrível do que um adultério. Uma traição à Deus, pelo fato de o sábado ter sido posto como um simbolo eterno de fidelidade entre ELE e o SEU povo, porquanto Deus criou os céus e a terra e libertou seu povo da escravidão do Egito (Êxodo 20:10, Deuteronômio 5:15).
Sempre que o povo se afastava de Deus, estes transgrediam o sábado e Deus enviava seus profetas, a fim de desfazer a confusão e trazer o povo de Israel de volta à sua aliança, aliança de salvação.
O sábado não era tão somente uma questão de mandamento, pois havia sido dado antes mesmo das táboas escritas pelo dedo de Deus (Êxodo 16:27-29, Gênesis 2:2-3), de modo que a obediência ao sábado já era exigida, muito antes de Moisés receber as táboas contendo os mandamentos.
Isto nos leva a crer de que o povo já conhecia a lei, por meio de Abraão, (Gênesis 26:5). Ora Deus não poderia cobrar do povo o seguimento de Leis e mandamentos, se ELE não houvesse antes os estabelecidos. De modo que o povo de Israel, descendência de Abraão, conhecia os mandamentos, passados de geração para geração, entretanto, na escravidão do Egito se desacostumaram a segui-lo. Tanto se lembravam ainda de alguns destes mandamentos, que se lembravam do Deus de Abraão, ao qual clamavam em oração pela libertação das mãos do faraó.
E Deus os libertou, para que pudessem adorar ao Deus verdadeiro e viverem segundo as SUAS leis, os seus preceitos e os seus estatutos. Os mandamentos então foram escritos para que, por uma segunda vez, não fossem esquecidos e percebemos que por ironia, isto acabou acontecendo quase que imediatamente, quando então Moisés quebrou as táboas, tendo que, posteriormente, receber outras contendo os mesmos mandamentos.
De fato, os mandamentos na forma escrita, vemos sendo dadas à Israel em Êxodo 20, mas desde o Gênesis, vemos estatutos sendo exigidos de Deus para o homem e a bíblia nos revela alguns deles, como o dízimo (Gênesis 28:22), a questão do matar (Gênesis 4:10-8) a questão do adultério (Gênesis 38:24), do furto (Gênesis 30:33) do casamento (Gênesis 2:24), dentre outros. De modo que antes mesmo de israel, as pessoas já eram esclarecidas sobre estes pecados, e passavam os ensinamentos de Deus de geração à geração. De modo que o povo de Israel já conhecia sobre o não poder matar, o não poder adulterar, o não dizer falso testemunho, o não adorar a deuses falsos, mas o mandamento que porém esqueceram e deixaram de praticar, seria o sábado, pois como escravos, não tinham direito à um dia para descansar ou adorar ao seu Deus.
Por isto o sábado foi tão exigido, como um resgate de um costume que veio desde o Gênesis, de um dia que foi separado, abençoado e santificado, para que o homem pudesse descansar e adorar a Deus.
Realmente não lemos um relato explícito de alguém guardando o sábado antes de Israel, mas lemos uma inconsistência em Gênesis 3:19 que ordena ao homem trabalhar, sem definir limite de dias. Mas havia o sábado dado em Gênesis 2:2, que foi uma criação para o homem.
Mesmo com o pecado Deus não tomou de volta nenhuma de suas criações que fez para o homem, como as plantas e os animais. Devemos então crer que também não haveria voltado em sua palavra, tomando do homem o sábado, abençoado e santificado. De forma que o homem poderia fazer daquele único dia um dia de descanso e também santificá-lo, porque Deus deu aquele dia com caráter de bênção e santificação.
De forma que o homem poderia ainda exigir de Deus, mesmo em pecado, as bênçãos e a santificação colocada sobre o sétimo dia. Pois se Deus criou tais coisas para o homem, não poderia tomá-los, porque o sábado foi feito por causa do homem (Marcos 2:27).
Se o homem fosse feito por causa do sábado, como Deus o guardou, indicaria que o homem não poderia usufruir deste dia e que o homem estaria abaixo deste dia, tendo então que trabalhar. Jesus então, que é o senhor do sábado, seria o único digno de usufruir deste dia, seria um dia feito por Deus e para Deus (Gênesis 2:2).
Mas o sábado foi feito por causa do homem, para o seu descanso, para que recebesse bênçãos e santificação, deste modo a Bíblia nos mostra o sábado como mais um presente de Deus para o homem dentre aqueles da criação, porém Deus recheou o sábado com bênção e santificação e o deu como um agradável dia de descanso em comemoração à semana da criação.
De modo que, como Adão e Eva, após o pecado, teriam que trabalhar durante toda a semana, como Deus trabalhou, e descansar no sábado, como Deus descansou, percebemos que Deus os responsabilizou pelo seu próprio mantimento. O sábado então se tornou um canal entre Adão e Eva e o SEU Senhor. Deus deixou de derramar os proventos diários à Adão e Eva, mas não pôde revogar as bênçãos e santificação colocadas sobre o sábado quando entregou ao homem.
Não se pode tormar de volta algo que é um presente. Adão e Eva então bem que se aproveitaram deste dia, para fugir do castigo do trabalho intenso e ainda receberem a bênção e santificação sob a palavra de Deus que nunca pode tornar atrás.
Adão e Eva continuaram tendo uma comunhão com Deus, faziam suas ofertas e sacrifícios e também os seus filhos (Gênesis 4:4).
Deste modo, há a importância do sábado, como elo de ligação entre Deus e SEU povo, necessário à comunhão com Deus, para que o homem não se perca nas tarefas semanais, esquecendo-se do seu Deus.
Deus então quando diz, "lembra-te do dia de sábado", está também dizendo "lembra-te de mim e de tudo quanto lhes fiz de bom na criação e na libertação do Egito" (Êxodo 20:8). Deus pediu ao povo que se lembrassem, porque já havia resgatado o valor deste dia para Israel, nos eventos que antecendem Êxodo 20, quando da entrega do maná.
Pela gravidade da transgressão do sábado e a questão que Deus faz sobre este dia e também pelo fato de estar junto aos mandamentos morais, é impossível haverem argumentos para a não guarda deste dia. Pelo seu significado é impossível substituí-lo por outro dia. Por ser um elo de ligação entre Deus e o SEU povo é um crime contra Deus determinar o fim da guarda deste dia.
Se os cristãos de hoje fossem transportados para a época de Israel, após serem dados os mandamentos de Deus, o que aconteceria? Deus diria, eis um povo que me agrada e que anda em conformidade com a minha vontade? Ou seríamos apederejados e mortos, pela transgressão de um único mandamento em particular?
E quando o homem determinará o fim completo da guarda deste dia? No futuro! Bem próximo, porque abolindo-se um mandamento, quebra-se todo o respeito pela lei. E vemos isto se cumprindo nos dias de hoje.
Mas lembremos que tão eterno é o sábado como o arco que Deus colocou sobre as nuvens e que sempre nos lembremos deles, quando olharmos para cima nos dias de tempestade.
(Sr. Adventista)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.