Uma resposta dada ao digníssimo irmão,
Rev. Francisco Belvedere
Sr, Adventista, eu sou o autor do Artigo. Minha origem religiosa está na IASD, conheço bem o que vcs pensam. Veja, não se trata de transferecia do sábado. O Sábado era da lei e esta durou até Cristo. O Dia do Senhor, é o dia que a Igreja sempre observou como seu dia de culto. Alguns chamavam o culto dominical de festival da ressurreição."
http://mcapologetico.blogspot.com/2013/10/o-dia-do-senhor-e-outras-verdades-uma.html?showComment=1382286807650#c7229003821150010819
Compreendo as suas palavras irmão e amigo Rev. Francisco Belvedere e não revogo as suas razões. Entretanto, academicamente, trabalho com aquilo que esteja relacionado à fatos.
Veja se o amigo concorda comigo, de que há uma extrema escassez de fatos que possam comprovar a autenticidade do domingo como um dia de guarda da Igreja Primitiva, bem como, de que as citações do livro de Atos, referente à guarda do sábado, nos dão, mais indício de que continuaram a guardar o sábado, do que de fato tenham passado a guardar o primeiro dia da semana.
O amigo há de concordar comigo de que aqueles versos apresentados, e que citam o primeiro dia da semana, não nos dão a luz necessária para se afirmar categoricamente de que o domingo, ali, tenha assumido o mesmo caráter e importância do sábado.
E utilizando o que o amigo disse:
"O Dia do Senhor, é o dia que a Igreja sempre observou como seu dia de culto. Alguns chamavam o culto dominical de festival da ressurreição."
Veja que do mesmo modo como o amigo crê de que o domingo passou a ser utilizado como dia de culto, não podemos revogar de que cristãos prefiram render homenagens à Cristo no sábado.
Veja que se não é uma questão de Lei, divinamente instituída, não há regra que se diga que só se possa guardar o domingo, entende?
Neste sentido, a guarda do sábado seria tão legítima quanto a guarda do amigo.
Entretanto, tenho que dizer ao amigo, de que o sábado durou até Cristo, mas não somente até Cristo e permita-me explicar o porquê. De fato, Cristo veio para revogar uma forma de sábado que era praticado na época (de forma legalista) e que dificultava a prática de boas ações justamente no sábado. Cristo então instituiu um sábado, como dia de fazer o bem e veja que seria muito irrazoável imaginar que Cristo se dedicasse, como tanto afinco, a demonstrar um novo valor do dia de sábado (valor este que o amigo, como outros cristãos, tem utilizado no domingo) e em seguida revogá-lo.
Nisto, notamos um fato importante, de que Cristo, não instituiu estes novos valores diretamente no domingo, mas sim no sábado. E a justificativa para tal autoridade encontramos no verso bíblico que diz de que Cristo é Senhor até do Sábado.
Desta forma, inegavelmente, o domingo, teria obrigatoriamente que ser uma herança do sábado, onde os valores de Cristo forma originalmente agregados.
Perceba então que não há como se fazer uma dicotomia entre os valores do sábado (praticado por Jesus) e os valores do domingo, pois o domingo se utiliza daqueles mesmos valores que Cristo colocou sobre o sábado.
É claro que fora do contexto de Jesus encarnado, temos o sábado como, o dia de descanso na semana da criação (Gênesis 2, Êxodo 20), o sábado em homenagem a libertação do povo do Egito (Deuteronômio 5), o sábado como um sinal entre Deus e o SEU povo, dentre outros, e que não faz parte do domingo. Mas deixemos isto de lado e atentemos à um fato:
Os valores, ensinados por Jesus, foram agregados, originalmente, diretamente no sábado e não no domingo. De modo que para se ver então estes mesmos valores no domingo, é necessário que se faça uma transferência de valores (nesta transferência o sábado praticado por Jesus poderia continuar a existir ou deixar de existir).
Mas as perguntas que devemos então fazer são estas: Esta transferência ocorreu de fato? Esta transferência foi autorizada por Jesus? A Bíblia dá alguma autorização para que se faça esta transferência?
Veja, que em toda a Bíblia, não há uma única autorização sequer para se fazer esta transferência e nem concede luz de como e quando ocorreu esta transferência, tudo que teríamos seriam 3 ou 4 exemplos que em nada clareiam doutrinariamente nestas questões.
Então, suponhamos que, de fato, o sábado tenha durado até Cristo. Percebemos que nos textos que citam o primeiro dia da semana não demonstram um domingo com o mesmo caráter de um sábado. Também não há lei que defina o domingo como um dia de guarda, nem há detalhes de como deva ser guardado este dia.
Fosse este o caso, então, infelizmente ter-se-ia que lembrar, ao amigo, de que o domingo não seria algo mais do que uma convenção entre os cristãos da época apostólica. Sem os ensinamentos de Cristo agregados ao sábado (conforme lemos nos evangelhos) e sem o caráter do sábado que procede desde o gênesis até o ministério de Jesus encarnado, o domingo não teria um caráter de homenagem maior do que aquele que o próprio Jesus instituiu e que trata da Santa Ceia, (1 Coríntios 11:24).
Mas isto só ocorreria SE e somente SE, Cristo houvesse exigido tal homenagem no domingo, do mesmo modo que exigiu que se fizesse com a Santa Ceia (“fazei isto em memória de mim”).
* (Não entrarei no argumento de que Cristo teve oportunidade mas não falou acerca do domingo.)
Deste modo não vemos a autoridade de Cristo se manifestando acerca do domingo como um dia de guarda.
Teria tal importante acontecimento sido suprimido das escrituras? Devemos acreditar que não, afinal de contas a Bíblia é devidamente inspirada e DOUTRINARIAMENTE PERFEITA (*a caixa alta foi utilizada apenas para dar ênfase).
Deste modo, a existência de um domingo legítimo, comprometeria em muito a confiabilidade da própria Bíblia, porque teríamos uma lacuna acerca do domingo que não pode ser preenchida pelas Escrituras e que necessitaria ser passada de geração para geração através da tradição. Tudo que teríamos, provindo de base Bíblica, seriam as citações de 3 versos e mais um outro que o amigo se referiu, em que nada explicam o caráter do domingo e nem nos esclarece de quando foi dada a autorização para a guarda deste dia. Esta ausência de explicações, nos levam a crer, então, de que se trate de um dia em que os cristãos, decidiram guardar por conta própria.
Destaco esta última frase “um dia em que os cristãos, decidiram guardar por conta própria” pois é justamente a alegação utilizada pelo meio cristão atual (alheio ao catolicismo), como principal justificativa de se guardar, hoje, o domingo.
Espero então que com esta explicação, o amigo entenda o porquê de a Igreja Adventista do Sétimo Dia não aceitar a autoridade do domingo como sendo divina, porque NÃO foi divinamente instituída, ou, no mínimo, a Bíblia não declara de que tenha sido.
(Sr. Adventista)
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