sexta-feira, 4 de agosto de 2017

O adventismo e as igrejas atuais

Sempre foi rei, por aceitação, irmão Luiz.

Mas quando foi rejeitado pela humanidade por ocasião do pecado, ao escolherem se envolverem na questão do conflito do bem e do mal, pelo fruto da árvore do conhecimento, o reino da terra foi usurpado por Satanás. Pelo juízo o domínio da terra é retirado de Satanás e devolvido aos santos, os quais aceitaram a Cristo como seu salvador e mediador da ordem de Melquisedeque que igualmente era sacerdote e rei.

Com o irmão posso ser sucinto porque sei que o irmão é sincero e busca informação e conhecimento e haverá de entender estas simples palavras, ainda que não concorde com elas.

Depois da Ascenção, Cristo assume a função que unicamente Ele poderia exercer por ter natureza divina-humana e assim poderia exercer a mediação entre Deus e a humanidade.

Esta função era representa por meio do sacerdócio levita. Melquisedeque é um "tipo" de Cristo em suas funções de sacerdote e rei. É desta ordem de Melquisedeque que Cristo é mediador. Basicamente quanto à questão da origem do sumo sacerdote, houve mudança na lei, "revertendo-a" da ordem levita para a ordem de Melquisedeque:

"Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei." Hebreus 7:12

Isto porque Cristo não era levita e a lei dizia que para exercer o sacerdócio era necessário ser levita, mas aquele sacerdócio temporário levita deveria existir apenas enquanto Cristo, o cumprimento das profecias, não assumisse seu cargo, segundo o "tipo" de Melquisedeque.

E assim a doutrina do santuário percorre toda a Bíblia explicando e "amarrando" os textos em seus mínimo detalhes, de forma que você passa a entender melhor o conflito entre o bem e o mal e o processo de expiação dos pecados da humanidade.

Então Cristo deixou de reinar sobre a humanidade, condenada, no pecado, mas continuou sendo o seu Deus criador. Por méritos da salvação, Cristo então passa a reinar sobre a humanidade, tendo que viver entre ela eternamente com sua natureza, agora, divina-humana.

Cristo não se impôs como rei à humanidade assim como não se impôs aos anjos. Cristo é príncipe das cortes celestiais. Deus na na trindade, reinava, mas percebemos que a trindade tinha planos de colocar Cristo como chefe, encabeçador e rei, representativo entre Deus e as criaturas celestiais.

Agora, observe que Lúcifer era o principal imediato entre Deus e os anjos, fazia bem seu trabalho, mas não possuía direitos e tal qual todos os demais anjos deveria se submeter à decisão da Divindade, aceitando a Cristo como chefe e intermediador, o grande príncipe, o filho de Deus.

Satanás não se sentiu confortável com esta mudança de ordem e, já cheio de orgulho, decidiu tomar este posto à força por meio da rebelião.

O céu se dividiu entre os que ficaram do lado de Cristo e os que ficaram do lado de Satanás que acusava a Deus e seu governo e questionava suas decisões.

Isto é remontado quando entendemos que Miguel é apenas mais um dos vários títulos honoríficos de Cristo.

Assim entendemos por que há este conflito cósmico entre Miguel e Satanás, onde os "dois protagonistas" deste conflito, um representando o bem e o outro representando o mal, lutam não apenas pela conquista da humanidade mas do governo entre as Criaturas que Deus criou.

Cristo é a revelação de Deus, por meio Dele não apenas os anjos mas também a humanidade pode conhecer de forma íntima o caráter do Seu criador.

O plano já estava definido desde a eternidade, a rebelião de Satanás não pegou a Deus de surpresa.

Mas Deus queria que Cristo reinasse por aceitação de suas criaturas, de uma forma mais íntima, realmente Deus andando entre as criaturas, um "Deus conosco" Emanuel.

E assim os títulos de Cristo, bem como os detalhes contidos na Bíblia acerca da pessoa de Jesus e do conflito entre o bem e o mal, vão se unindo trazendo um maior conhecimento acerca do conflito entre o bem e o mal e a doutrina da salvação.

É assim que a escritora cristã Ellen G. White, reuniu as informações bíblicas e construiu a série "O Grande Conflito", com ajuda da inspiração divina, segundo o dom profético.

Então quando lemos seus livros vamos unindo estas passagens bíblicas, ampliando o seu significado. Veja que os livros de Ellen White não acrescentam coisas na Bíblia, mas ampliam o conhecimento que já temos por meio da reunião de informações contidas nas Escrituras.

Da parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia, temos o estudo sistemático da doutrina do Santuário, usando as ferramentas teológicas comuns e escritos em uma linguagem teológica com uso unicamente da Bíblia.

Assim, embora estes livros não tenham certos detalhes contidos nas obras de Ellen White, que provieram de visões, a exemplo do paradeiro de Enoque, contém todo o campo exclusivamente doutrinário que nos permite chegar à mesma conclusão.

E assim tem ocorrido desde o início, com os escritos de Ellen White vindo a confirmar as conclusões obtidas por meio dos estudos da parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Por isto cremos em seu dom profético, porque os estudos apenas tem apontado a corretude do que ela disse e sendo assim, nos sentimos confortáveis em crer em seus relatos porque demonstra que foi realmente inspirada por Deus.

Agora, não se desmonta Ellen White provando que Ela estava errada! Para se desmontar Ellen White é necessário convencer a Igreja Adventista do Sétimo Dia de que alguma de suas doutrinas esteja errada.

Por exemplo, se convencerem a igreja de que o domingo e não o sábado é o correto dia a ser guardado, provando isto nas Escrituras, implicaria que Ellen White teria errado neste quesito e não poderia ser uma verdadeira profetiza.

Se provarem a imortalidade da alma aos adventistas, tormento eterno, ou de que Miguel seja um mero anjo criado e não apenas mais um título honorífico do plenamente Deus, Cristo, igualmente seria desbancado o ministério profético de Ellen White, que teria guiado a igreja à uma falsa doutrina.

De modo que as doutrinas desenvolvidas pela igreja, tanto as ortodoxas quanto as heterodoxas, são a barreira principal. 27 crenças originais representam o fundamento da igreja e pelo menos uma destas doutrinas precisam estar erradas a fim de conflitarem com os ensinos de Ellen White que confirmou a corretude de tais doutrinas nos estudos adventistas.

Problemas:

Vários eruditos cristãos construíram obras e comentários em opiniões que apoiam a interpretação adventista, tanto acerca de Miguel, quanto ressurreição de Moisés, dentre outros detalhes de crenças, como em crenças fundamentais como o verdadeiro dia de guarda, onde temos os irmãos Batistas do 7º dia, dentre outros, a inexistência da imortalidade da alma e do tormento eterno, a exemplo de Oscar Cullman. Temos também martinho Lutero que abominava a imortalidade da alma e que viu cumprimento da primeira besta no papado, assim como havia concluído Isaac Newton antes dele.

Edward Gigbbon, que identificou os 10 dedos da estátua, vista por Nabucodonozor, nas tribos que minaram o império romano.

Então não é no campo erudito e teológico que se haveria de convencer os adventistas. E o que resta então?

A Bíblia Sagrada!

É o único meio.

Agora é interessante, por exemplo, acompanhar um irmão tentando explicar a doutrina do domingo sem citar nenhum conceito da patrística. Sem citar o oitavo dia, dia da recriação, dia do senhor, páscoa semanal, mas tão somente o claro "assim diz o senhor".

O mesmo se dá com a imortalidade da alma, quando tentam explicar o paraíso e o inferno sem uso de conceitos gregos e de Platão, além de Agostinho.

Quando se rejeita a tradição e se tem que estudar doutrina usando unicamente a Bíblia tendo que utilizar apenas conceitos claros bíblicos, fica muito difícil provar estes ensinamentos.

"ah, porque Cristo ressuscitou no domingo, o domingo passa a ser o dia de guarda", então você pede para o indivíduo mostrar o assim diz o Senhor dizendo "como Cristo ressuscitou no domingo, agora o domingo passa ser o dia de guarda, eu sou o Senhor (Capítulo tal, verso tal)", mas o indivíduo não mostra.

Ou então pede para reunir informações no antigo testamento a fim de mostrar que o domingo estava predestinado a tomar o lugar do sábado. Na Bíblia você não encontra nem a forma como o domingo deve ser guardado, quem define isto são as próprias igrejas.

Particularmente desconfio muito de homens, de modo que se eu não ver Deus ordenando uma mudança de doutrina na Bíblia eu não aceito. Mesmo que Paulo ou Pedro houvessem mudado o dia de guarda, se eu não encontrar o texto onde haja Deus ordenando esta mudança a eles, saberia que fizeram isto por conta própria, sem autorização divina.

Na lei de Deus, somente Deus mexe e precisamos ver Deus mexendo nesta lei. Não podemos fazer suposições baseado tão somente nas atitudes ou hábitos dos apóstolos, muito menos dos pais da igreja.

A igreja, depois da morte dos apóstolos, não conseguiu manter a pureza das doutrinas por muito tempo e suas conclusões vieram mais a perverter o evangelho do que acrescentar, levando a igreja à apostasia da idade média.

Foram os ensinamentos da patrística que levaram a igreja àquela situação, totalmente envolta em falsas doutrinas.

Não podemos usar a patrística e a tradição como referência de doutrinas, devemos usar unicamente a Bíblia e já com um senso crítico acerca dos ensinos dos pais da igreja, duvidando das doutrinas que ensinaram até que se confirme, na Bíblia, se uma doutrina é verdadeira ou não.

É com este espírito que iniciou-se os estudos entre os adventistas pós-desapontamento. As doutrinas fundamentais do cristianismo, não perderam com esta investigação, onde tais doutrinas forma confirmadas. Porém o domingo e a imortalidade da alma não passaram na investigação, os adventistas chegaram à mesma conclusão dos Batistas do sétimo dia e de Oscar Cullmann.

Assim, a IASD parte do pressuposto da igreja apostólica, onde os apóstolos continuavam guardando o sábado e viviam ali entre os judeus, em meio a seus costumes.

É preciso fazer, então, o mesmo trabalho que a patrística e a tradição fez, chegando à conclusão sobre domingo, imortalidade da alma e tudo mais.

Agora isto fica difícil quando você tem acesso às informações nos entregues por Samuelle Bacchiochi em sua obra intitulada "Do sábado para o domingo", fica também difícil quando você vê as mesmas coisas ditas segundo a análise de Ellen White em sua obra "O grande conflito".

E ninguém perde pelo acúmulo de conhecimento. Assim, espero até hoje novos conhecimentos, acerca do desenvolvimento das doutrinas na igreja cristã que dêem contra-resposta tanto a Ellen White como demais estudiosos adventistas que são da mesma opinião de Samuelle Bacchiochi.

E escrevi este longo texto para o irmão entender em que contexto de crenças uma adventista se encontra, ao estudar a Bíblia, os livros doutrinários adventistas, os livros de Ellen White, os estudos e comentários de eruditos que compartilham de algumas crenças adventistas. Tudo isto deixa a Igreja Adventista do Sétimo Dia bem fundamentada em seus estudos.

Claro que ou gostaria que tivesse uma igreja melhor que a Adventista, que guardasse todas as doutrinas às quais estou certo de que são verdadeiras, que desse mais respostas às dúvidas cristãs, mais fundamentada, com uma teologia ainda mais sólida, mas quando olho para outras igrejas evangélicas com pessoas gritando e caindo no chão, me dá um desânimo. Quando vejo falarem do domingo e uma páscoa semanal, oitavo dia e dia da recriação, me dá um desalento. Quando vejo dupla predestinação ou abolição da lei, daria vontade de não fazer parte de nenhuma igreja. De sorte que na IASD mesmo não sendo perfeita e mesmo havendo divergência de opiniões, concordo com as 28 crenças fundamentais, não tenho dificuldades em aceitar o dom profético, gosto da maneira como realizam os cultos e as pregações. Os ensinamentos só me trazem paz e esperança e tenho liberdade e incentivo para estudar toda a Bíblia.

Vejo as igreja protestantes e evangélicas muito apegadas à patrística e à tradição, muito ligadas à ensinamento católicos, não plenamente reformada.

Gostaria muito que houvesse uma reforma nas igrejas e que, tal qual os adventistas se unissem para buscar a verdade, uma unidade de fé e doutrinas baseadas unicamente na Bíblia, aí sim teríamos uma igreja segura e verdadeira, uma unica igreja totalmente restaurada. E tenho certeza que Deus atuaria neste movimento, enviando algum profeta ou atuando por meio de servos para garantir que encontrassem a verdade como tantas vezes Cristo prometeu que faria por meio do Espírito Santo.

Mas vejo esta desunião e esta confusão de ensinamentos, nisto a adventista está totalmente certa, as doutrinas cristãs estão todas misturadas em milhares de igrejas pregando coisas diferentes. Se fossem pormenores a igreja ainda poderia ser unida mas são divergências antagônicas a exemplo do "calvinismo x arminianismo".

E pelo que se nota, no tom de debates e apologética isto nunca será resolvido.

Se uma igreja não consegue se unir na verdade é porque a verdade não está nela. Pelo que a Bíblia ensina, estão hoje na mesma situação do povo de Israel, dispersos, envoltos em discrepâncias de fé e prática, confusas.

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