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Olá, irmão Luciano, os versos apresentados em favor da imortalidade da alma, estão flexionados no futuro e se referem ao lago de fogo e enxofre e não a um suposto inferno presente onde as pessoas, ali, estariam sendo jogadas.
"E lançá-los-ão na fornalha de fogo" significa que ainda não estão sendo lançados;
"Serão lançados nas trevas exteriores" significa que ainda não estão sendo lançados;
"Ali haverá choro e ranger de dentes" significa que ainda não há choro nem ranger de dentes;
Os próprios teólogos imortalistas admitem que estes versos não podem ser usados em favor da imortalidade da alma pois claramente se referem ao castigo final no lago de fogo e enxofre que haverá somente no futuro.
A parábola do Rico e Lázaro apresentam duas pessoas ainda com seus corpos. Ambos demonstram limitações e sensações como tinham quando ainda estavam vivos.
De morto só tem a informação, porque a alegoria mostra ambos como se estivessem vivos.
Mostra também um mundo não existente, próximos o suficiente para um ouvir o outro perfeitamente, mas longe o suficiente e separados por um abismo de forma que não poderiam passar de um lugar para o outro. Ao mesmo tempo era possível se esticar o braço e alcançar a língua daquele que estava do outro lado do abismo, pingando uma gota de água em sua língua para o refrescar.
Toda esta situação demonstra que não se trata de um relato histórico, um suposto fato que teria ocorrido, mas tão somente uma parábola.
A parábola presenta coisas impossíveis, uma realidade sem sentido, onde se está longe o suficiente pra um não passar para o lado do outro, mas ao mesmo tempo próximo o suficiente tanto para manter um diálogo quanto alcançar aquele que está do outro lado esticando-se o braço. Mortos que fazem uso da água para se refrescar, que podem tocar um no outro, que possuem braços e são tão palpáveis quanto o eram quando estavam em vida.
Nesta parábola não há nada que ensine a existência de uma entidade sem forma, que não pode ser tocada, que transcenda as limitações físicas e não interaja com coisas materiais.
De modo que não foi por meio desta parábola que tiraram este conceito compartilhado com os espíritas bem como a mentalidade grega sobre almas que não possuem corpo, nem forma, não interagindo com a matéria, bem como um plano espiritual superior não palpável.
Todos estes detalhes e informações aceitos pelos cristãos imortalistas não são ensinamentos Bíblicos. A Bíblia não permite construir este estado intermediário, nem explica a natureza de uma alma desencarnada.
E seria muito estranho a Bíblia advertir para se afastar de qualquer forma de espiritismo e ao mesmo tempo se deter a doutrinar acerca dos espíritos. Não se consultar os mortos, mas ao mesmo tempo estudar a natureza destes mortos a fim de descobrir como é a vida destes mortos no suposto estado intermediário.
Os ensinos do estado intermediário não estão contidos na Bíblia, então, de onde vem?
Com certeza não são daqueles versos que supostamente apoiam a imortalidade da alma, pois ali não fala nada sobre como seria tal estado intermediário nem a natureza dos mortos.
Toda a compreensão que o cristão tem acerca deste assunto é montado à partir das crenças tradicionais presentes desde sempre em nossa cultura e que provêm de uma cultura que firmou suas crenças em ensinos de Sócrates e Platão.
Nestes sim, encontramos todos estes detalhes sobre o que ocorre no estado intermediário, a natureza dos mortos, como é este paraíso e este inferno. Os supostos compartimentos deste inferno o qual a Bíblia não relata, a dimensão onde este inferno se encontra...
E não adianta o irmão tentar me convencer que isto está na Bíblia, porque não está!
Veja, o falso profeta ainda nem se mostrou, portanto não pode ter sido jogado no suposto inferno conforme o último verso bíblico que o irmão colocou. Pelo contrário este verso também está falando do lago de fogo e enxofre que será inaugurado no futuro.
E ainda que fossem atormentados para sempre, não significaria que são imortais, mas tão somente que não poderiam morrer ou se matarem! Lembre que estes versos são aplicados a pessoas VIVAS E RESSURRETAS SENDO CASTIGADAS EM SEUS CORPOS.
Mesmo antes deste castigo e ANTES DESTA RESSURREIÇÃO a tais ímpios seria negado o "benefício" da morte em duas ocasiões conforme Apocalipse 9:6 e Apocalipse 6:16.
Não significa que eram imortais, mas tão somente que não seria permitido a morte atuar sobre estes. Então estes versos não servem de comprovação à imortalidade da alma.
Entramos então nas várias formas de expressão da cultura hebraica e Israelita:
"E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra." Gênesis 4:10
"e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos." Apocalipse 20:4
Se formos interpretar estas almas como sendo desencarnadas, teremos que descrer da ressurreição, porque este texto fala do estado das almas nos mil anos, onde já foram ressuscitados e estão com seus devidos corpos.
"E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram." Apocalipse 6:9
Este evento ocorre na abertura do quinto selo e logo após "clamarem" como clamou Abel, morto por Caim, voltaram ao estado de repouso conforme é dito:
"E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram." Apocalipse 6:11
No máximo este verso poderia estar dizendo que tais almas tiveram um momento de despertar na abertura do quinto selo, para exporem sua indignação, voltando ao seu estado de repouso logo em seguida.
É por isto que, quando um cristão sincero imortalista começa a estudar estes versos utilizados para defender uma suposta imortalidade da alma, acabam seguindo o exemplo de Oscar Cullmann abandonando esta doutrina ao perceberem que tais versos de forma alguma apoia a ideia de um estado intermediário ou de almas conscientes sobrevivendo fora do corpo.
E a fumaça que sobe para todo o sempre, o fogo de natureza eterna e o conceito de eternidade que é aplicado ao castigo dos ímpios tem que ser baseado nos exemplos de onde foram extraídas estas expressões, como o Vale de Hinom, Sodoma e os ribeiros de Edom:
Acerca do juízo final dos ímpios:
"subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou." Apocalipse 20:9
Sodoma e Gomorra:
"Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra;" Gênesis 19:24
"Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos." Lucas 17:29
Ribeiros de Edom:
"E os seus ribeiros se tornarão em pez, e o seu pó em enxofre, e a sua terra em pez ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela." Isaías 34:9,10
Que a muito tempo foram consumidos mas são postos e usados como exemplo do castigo que está reservado aos ímpios:
"Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno." Judas 1:7
A própria noção de Gehena é um lugar onde corpos de criminosos são jogados para serem consumidos pelo fogo, junto com os materiais, todo o lixo que ali também era jogado.
Assim também será no juízo:
"Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?" 2 Pedro 3:12
"Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão." 2 Pedro 3:10
Os ímpios no lago de fogo serão tão eternos quanto foram as pessoas de Sodoma e Gomorra, bem como os criminosos que eram jogados no Gehena e o próprio lugar, o lago de fogo e enxofre, será tão eterno quanto o foram estas cidades bem como os Ribeiros de Edom, .
A fumaça que sobe no lago de fogo e enxofre é tão eterna quanto a fumaça que subia dos ribeiros de Edom. A assolação dos ímpios será tão eterna quanto foi a assolação dos ribeiros de Edom.
Então estes versos apresentados pelo irmão também não servem para defesa da imortalidade da alma, porque as mesmas expressões são utilizadas para relatar o castigo de lugares que foram postos e utilizados como exemplo do castigo final dos ímpios.
Veja como os relatos Bíblicos ignoram um suposto estado intermediário de tormento:
"Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte." Apocalipse 21:8
O destino dado aos ímpios, neste verso por exemplo, é o lago de fogo e enxofre que haverá no futuro. Caso houvesse um inferno presente, Deus deveria ter dito que o destino seria o tal inferno já existente que viria antes do lago de fogo e enxofre.
Deus não diz que o castigo deles já começa na PRIMEIRA MORTE.
E assim as afirmações de Deus, claramente referentes ao castigo, sempre são flexionadas no futuro e se referem ao lago de fogo e enxofre.
Quando se fala do Sheol e do Hades, a noção de fogo e tormento nunca é associada. A Bíblia diz que os mortos descem para lá, mas não fala que descem para serem queimados, ou que ali são atormentados.
A imagem do inferno, aos moldes de Dante, que temos quando lemos estas passagens é construído pela nossa cabeça e não pelas Escrituras. Para Salomão, por exemplo, este lugar é tão somente a sepultura para onde vão os mortos.
E nestes Sheol/Hades é dito que vão tanto bons quanto maus, ou seja, se assumirmos que Sheol e Hades é o inferno, teremos que aceitar que também os justos estão sendo jogados ali.
Assim, é impossível usar estas passagens como referência à imortalidade da alma, porque tanto o Sheol, quanto Hades, quanto o fogo eterno, a fumaça que sobe, o castigo de dia e de noite, denotam punições que resultaram na destruição total dos ímpios.
Um abraço.
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